Netuno, o pescador (e suas rixas com as sereias)
Netuno era um pescador
Das margens do Araguaia
De causos, inventador,
Que contava pelas praias.
Falava de ouro e garimpos
De estrelas e diamantes
Que de ouro fez os brincos
Pra sua ninfa e amante.
Mas quando ele bebia
Perdia até a noção
Pois tudo o que dizia
Não tinha sentido não.
Deitava-se na areia
E começava a cantar
Falava só de sereia
A quem queria matar.
E pela praia ecoava seu canto alto e triste:
“Essa sereia escamosa
É cobra i e pexi feróiz
Tem murdida pavorosa
Tem um abraçu atróiz.”
“Por Adão foi condenada
A condenação eterna
Ela fica excitada,
Mai num pode abrir as perna.”
“É pur issu que a mardita
Come us homi é pela boca
Cum u cantu ela excita
E pega o cara di tôca.”
“Eu num gostu di sereia
Seja di riu o di má
É mio amá baleia
Isqueça as iemanjá.”
“A bicha é feiticera
Nem tubarão gosta dela
Só si fingi di facêra
Mais só arma isparrela.”
“Si ocê é homi casadu
Da sereia é u predileto
Pra fazê um belo assadu
Ô ti ismagá cuma inséto.”
"Si eu pego as sereia
num dia di vendaval
eu salgo elas na areia
inté virá bacalhau".
“Si a sereia eu incontrá
Jogo ela na cisterna
Quero vê ela iscalá
Pois ela num abri as perna.”
Observação: Netuno foi um dos muitos malucos que eu conheci quando menina. Ele sabia muito das lendas dos rios e mares, por isso o chamavam de "Netuno".
Ele não fazia mal a ninguém, só a ele mesmo, com o tanto que bebia. Eu ouvia seus impropérios e pensava comigo:
_o que sera que se passa na mente desse coitado? Por que essa raiva das sereias? Pois sua raiva contra as iaras e sereias não tinha limites.
Eu saí daquela região e nunca mais soube do Netuno.
Todos os versos foram criados por mim. Mas eu me lembro que ele repetia ao final de cada um de seus versos, que a sereia não abre as pernas.
Hull
Hull de La Fuente
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